quarta-feira, 5 de maio de 2010

A missa dos inocentes

Se não fora abusar da paciência divina
Eu mandaria rezar uma missa pelos meus poemas
que não conseguiram ir além da terceira ou quarta linha,

Vítimas dessa mortalidade infantil que, por ignorância dos pais,
Dizima as mais inocentes criaturinhas, as pobres...
Que tinham tanto azul nos olhos,
Tanto que dar ao mundo!

Eu mandaria rezar o requiém mais profundo
Não só pelos meus,
Mas por todos os poemas inválidos que se arastam pelo mundo
E cuja a comovedora beleza ultrapassa a dos outros
Porque está, antes e depois de tudo,
No seu inatingível anseio de beleza!

Mário Quintana