quarta-feira, 10 de junho de 2009

o tempo

O despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o tempo.
O tempo não pode viver sem nós,
para não parar.

E todas as manhãs
nos chama freneticamente
como um velho paralítico
a tocar a campainha atroz.

Nós é que vamos empurrando,
dia a dia, sua cadeira de rodas.
Nós, os seus escravos.

Só os poetas
Os amantes
Os bêbados
podem fugir por instantes ao Velho...

Mas que raiva impotente dá no Velho
quando encontra crianças a brincar de roda
e não há outro jeito senão desviar delas
a sua cadeira de rodas!
Porque elas, simplesmente, o ignoram...

Mário Quintana

Nenhum comentário:

Postar um comentário